SET – Floresta Vermelha em 6 cursos no Centro Cultural São Paulo

floresta vermelha_CCSP

“O que não se aprende na escola”. É com este mote que o Centro Cultural São Paulo hospeda seis aulas/cursos/oficinas relacionadas a Cinema Digital Open Source durante os próximos finais de semana de setembro, o Mês da Cultura Independente. As apresentações serão dadas pela equipe técnica do Floresta e pelo pessoal da produtora OvniFx, mas os temas não se restringem ao filme. Veja abaixo o descritivo geral dos encontros!

No dia 21 de setebro, sábado, também faremos uma exibição especial do Floresta usando o projetor 2k do CCSP, em formato DCP e áudio surround 5.1.

Floresta Vermelha é o primeiro curta metragem narrativo no formato de cinema digital (2k Anamorphic) a ser feito com ferramentas open source (FOSS) e uma câmera open hardware. Durante setembro, o Mês da Cultura Independente, a equipe técnica do projeto se unirá à produtora OvniFx para realizar seis apresentações abertas no Centro Cultural São Paulo, discorrendo sobre temas relacionados ao modo livre de produção.

Os encontros são interdependentes e terão como temas:

14 set / 14h30 às 17h30
O uso do software Blender rumo a um sistema de legendas em língua de sinais (LIBRAS). Com Ângelo “Gelo” Benetti.

15 set / 14h30 às 17h30
O uso do software Blender para a finalização profissional de peças publicitárias e efeitos especiais. Com Teisson Froes, da OvniFx.

21 set / 14h00 às 16h30
Floresta Vermelha e o movimento do Cinema Digital Open Source: o que é, quem está fazendo e como. Exibição do filme em 2k e áudio 5.1 às 16h. Com Flavio Soares e Lucas Malaspina.

22 set / 14h00 às 16h30
Áudio profissional no mundo open source, um panorama geral. Com Renato Cortez.

28 set / 14h00 às 16h30
Formatos digitais – como funcionam os diferentes codecs na cadeia de produção audiovisual. Com Flavio Soares.

29 set / 14h30 às 17h30
Open DCP – como se finaliza um filme em DCP usando ferramentas livres (FOSS). Com Flavio Soares.


Serviço
Onde: Centro Cultural São Paulo, Rua Vergueiro, 1000, Sala Paulo Emílio ou Sala Lima Barreto.
Quando: nos próximos três finais de semana.
Quanto: de graça. Para as inscrições, use este formulário online ou acesse este link – ambos caem no CCSP.
Quantas vagas são? 99 vagas.


Descrição dos encontros

1. O uso do software Blender rumo a um sistema de legendas em língua de sinais (LIBRAS)

A aula abordará o tema da acessibilidade pelos deficientes auditivos aos conteúdos multimídia da sociedade contemporânea.  Dos quase 10 milhões de deficientes auditivos identificados pelo censo 2010 do IBGE, dentre os quais mais de 2 milhões com surdez severa, aproximadamente 30% são analfabetos. Em grande medida isso ocorre porque a língua portuguesa é uma língua secundária para esse segmento.

Nesse contexto será apresentada e discutida uma pesquisa multidisciplinar que visa estabelecer um sistema automatizado de tradução para a Lingua Brasileira de Sinais (LIBRAS) através de um avatar sinalizador, criado com os softwares livres Blender e Makehuman, animado com dados de captura de movimentos.


2.  O uso do software Blender para a finalização profissional de peças publicitárias e efeitos especiais.

A Computação Gráfica é uma poderosíssima ferramenta para viabilização de  produções cinematográficas. E o Blender 3D, sendo bem empregado para esse fim, pode trazer resultados surpreendentes com praticidade e rapidez.

Essa palestra é um mix exemplos e demonstrações de como grandes campanhas foram viabilizadas através do uso do Blender 3D. A OvniFx já fez peças publicitárias para, dentre outras, Brastemp, Fiat, Varig e C&A.


3. Cinema Open Source – desenvolver a ferramenta vem junto ao fazer da arte

O primeiro encontro diretamente relacionado ao Floresta Vermelha falará sobre o projeto como um todo. O desafio de ultrapassar o limite da resolução full HD (1080p), gravar em RAW e editar usando ferramentas livres pressupunha um conhecimento técnico avançado. Mais do que isso, exigia uma equipe de pessoas malucas o suficiente para topar gravar usando uma câmera open hardware que, montada, mais parecia o R2D2 do Star Wars.

A história do Floresta Vermelha se insere no contexto internacional do Cinema Open Source, em que as ferramentas, abertas, podem ser desenvolvidas junto com o fazer. Veremos os programas que foram usados no workflow pensado para o filme e, em algumas etapas, desenvolvido especificamente para ele.

Falaremos sobre a edição de vídeo em linux e sobre os formatos DV, HDV e Cinema Digital. Sobre o porquê usamos a câmera Elphel e sobre quem está fazendo cinema open source no mundo, e como. Falaremos sobre financiamento colaborativo (crowdfunding) e como ele permitiu rodarmos o filme. Apresentaremos o case do documentário de viver nos Rios, de viver nas Ruas (2013), em que desenvolvemos um plugin aberto (GPL) para auxiliar na montagem do vídeo, e o que estamos pensando para desenvolver ainda em 2013.

Ao final: projeção do curta metragem Floresta Vermelha em formato DCP, com resolução 2k (2048×858 Cinemascope) e áudio 5.1.


4. Áudio profissional no mundo open source, um panorama geral.

“O real motivo da queda da indústria fonográfica ao redor do mundo não foi a pirataria. O que aconteceu foi uma pulverização dos meios de produção e distribuição. Esse é um processo que está ocorrendo agora no campo do áudio-visual.”

Com essa “pulverização”, as especializações se tornaram infinitas. Como se adaptar a esse meio tão difuso, com tantos softwares, técnicas e situações diferentes? Grandes orçamentos são raros no mundo independente, e ainda assim, grandes produtos culturais estão pipocando com grande visibilidade e qualidade. A cultura underground traz essa característica volátil, funcional e criativa.

Pra entender esse cenário, no dia 22 de Setembro, teremos um panorama do mercado cultural fonográfico, papos sobre direito autoral e distribuição e discussões sobre os processos de compartilhamento e generosidade intelectual, além de uma introdução aos conceitos de produção musical, física do som, analógico x digital, captação em estúdio, captação externa, técnicas de mixagem e masterização e uma análise geral dos softwares de produção musical livres e proprietários.


5. Formatos digitais – codecs e containeres na cadeia de produção

Em 15 de novembro de 2012, um post no blog de produção do projeto Floresta Vermelha mostrava que o render intermediário de um trecho de 17 minutos do filme levava 30 segundos para ficar pronto. Isso só é possível quando se domina a questão dos codecs e containeres certos na cadeia de produção do audiovisual.

O que está por trás dos formatos DV, HDV e Cinema Digital? Por que um DVD é feito em MPEG 2, e porque isso faz diferença? O que é transcodificação (mudança de formatos) com e sem perdas, de uma ou várias passagens? Quais são os formatos de codecs livres e quais os mais recomendados? Saber tudo isso pode ajudar a ganhar tempo e qualidade em várias etapas de produção.

Veremos como gerar proxies da forma mais adequada ao projeto de edição, quais os codecs mais indicados na etapa de montagem e quais os melhores formatos para render final. Como as ferramentas open source ajudam a dominar a questão dos codecs e containeres e, mais importante, como podem ser automatizadas para usar todos os núcleos de processamento da máquina, acelerando o processo de transcodificação entre formatos.


6. Open DCP – finalize o seu filme em DCP com ferramentas livres

O Digital Cinema Package, ou “DCP”, é um dos grandes formatos de finalização de filmes. Ele é requerido principalmente em salas de cinema digital que exibem festivais e filmes comerciais. O problema é que fazer um DCP se trata de um processo extremamente caro, difícil e ao qual pouquíssimas pessoas têm acesso – ou, pelo menos, é o que querem que você acredite.

Existe uma alternativa livre (FOSS) chamada Open DCP, criada pelo desenvolvedor norteamericano Terrence Meiczinger. Ela automatiza as etapas de criação do formato DCP para a distribuição, funciona nas resoluções 2k e 4k, opera com diferentes taxas de frames por segundo e suporta filmes gravados em 3D. Além disso, roda em todos os sistemas operacionais – Linux, Mac e Windows.

Nesta apresentação, veremos como foi gerado o DCP do Floresta Vermelha. Falaremos sobre as potencialidades e limitações do programa Open DCP, assim como o fluxo de trabalho (workflow) que melhor se adequa a ele. Também veremos como lidar como legendas e alguns modos de encriptar o filme, caso seja necessário.

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